Onde a dignidade fará morada

Lutar por suas conquistas e resistir às injustiças são características impregnadas nas entranhas de um verdadeiro português. Povo que no século XIV viu os espanhóis se aproveitarem de uma fragilidade política para invadir seu território e tomá-lo à força. Povo que não se acovardou e que liderado por Nuno Álvares Pereira, na épica Batalha de Aljubarrota, expulsou o Reino de Castela do solo lusitano. Povo que tornou a ser dono de sua própria história com a Dinastia de Avis.

Se alguém não entende o que isso tem a ver com a Portuguesa, basta olhar para o escudo que desde 1923 está cravado nas camisas verde-encarnadas do clube. Não por acaso fomos fundados em 14 de agosto, dia da reconquista de Portugal em Aljubarrota. Não por acaso carregamos no peito a Cruz de Avis, cujo Mestre retomou as rédeas da trajetória lusitana desde então. A luta marcou nossa criação. A luta forjou nossa grandeza. E essa mesma luta se mostra como nosso único caminho. Retomo isso porque vivemos um momento em que, como canta Roberto Leal em nosso hino, a cruz de nossos brasões há de brilhar. Mesmo que em seu último suspiro.

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Isso porque o Conselho Deliberativo do clube aprovou por unanimidade que a Lusa enquanto instituição entre na Justiça comum contra os absurdos promovidos por STJD e CBF. Foram apresentados os riscos, que vão desde o rebaixamento do clube à última divisão do Estadual até a desfiliação completa das entidades esportivas. Não a toa, ao final do encontro, conselheiros, diretores e presidente choravam. Entre engolir a injustiça morrendo de fome e morrer lutando pela dignidade, escolheu-se o caminho que traduz a história do clube e de nossa gente: a luta.

Depois de muito tempo, reaviva-se no Canindé o verdadeiro espírito lusitano, o genuíno orgulho de ser rubro-verde. O clube parece tornar a recordar que em suas glórias está a certeza de que é grande. E de que, para nós, somos sempre campeões pelo simples fato de irmos à luta. Nos últimos anos, poucos quiseram acreditar que o clube poderia realmente morrer. O desespero da luta contra o rebaixamento no ano passado nascia daí: na Série B não há recurso, não há dinheiro, não há vida. A Série B nos dá como caminho certo o sumiço do mapa no futebol brasileiro. A esperança de novos tempos vinha da Série A. Nós conquistamos essa esperança. Com honra. E querem tirá-la de nós.

Muitos dos conselheiros que aprovaram o caminho da dignidade foram os mesmos que permitiram Manuel da Lupa torturar o clube por 9 anos até deixa-lo moribundo. Mas, parece que esses muitos agora tomaram a decisão correta. Afinal, não há outra. Eu mesmo fui contrário a essa ideia por muito tempo. Estamos mexendo com gente graúda em tempos de Copa do Mundo no país. As chances de nos tornarmos mártires são bem maiores que as de conseguirmos uma vitória nos tribunais. No entanto, ao engolir a Série B mancharíamos a nossa história e cuspiríamos no túmulo de tantos que deram a vida pela construção honrada desse clube que tanto amamos. Somos a gente que cruzou os mares sem nada no bolso rumo ao desconhecido. Somos o povo que trabalhou, suou e, honestamente, venceu.

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Podemos estar prestes a assistir ao fim do clube? Sim, mas mais do que isso. A morte da Portuguesa significaria a morte da resistência no futebol brasileiro. O último prego na tampa do caixão do futebol de verdade. Já mataram o esporte do povo, a bunda no concreto, a torcida no alambrado, o amor à camisa e até o resultado dentro de campo. Dizimariam agora o pouco que resta de verdadeiro no futebol. Matariam os que realmente não vivem de títulos, os que vivem de amor, os que se contentam com um time raçudo, com os 3 pontos como um título, com as zebras a cada década, com onze caras de rubro-verde correndo atrás de uma bola em qualquer gramado por aí.

Porém, mesmo que vençam, não vencerão. Podem destruir tudo, menos o amor. E se o amor constrói, também reconstrói. O amor dessa torcida que não cansa de lutar – seja nas arquibancadas, nos tribunais ou nas ruas – a fará reerguer a nossa Portuguesa. Nesse caso, só os verdadeiros restarão. E, mesmo que esse seja realmente o fim de tudo, não seremos derrotados. No futuro, quem passar pelo Canindé pode não ver mais a bola rolando, pode não sentir mais o cheiro de sardinha na brasa, de bolinho de bacalhau sendo frito ou ouvir alguém vendendo tremoço no meio de um jogo. Poderá não haver nada do que houve por décadas, mas ainda assim será ali que a dignidade fará morada. E isso basta. Às armas, Lusa!

E você, torcedor lusitano? O que acha disso tudo? Participe! Dê sua opinião! Comente abaixo!

Por Luiz Nascimento

Sobre Luiz Nascimento

Jornalista da Rádio CBN, formado no Mackenzie e, acima de tudo, um fanático torcedor da Portuguesa. O sangue rubro-verde, vindo da família lusa, fala mais alto neste blog que procurará sempre trazer informações, análises e conteúdos exclusivos para a torcida lusitana!
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11 respostas para Onde a dignidade fará morada

  1. alexandre disse:

    AGORA É TUDO OU NADA, NA VIDA FAZEMOS ESCOLHAS, ESSA PRA MIM É A CORRETA, OS MOUROS ESTAÕ DE VOLTA , E COM ELES , O SANGUE RUBRO VERDE

  2. LUIZ CARLOS disse:

    Sensacional o texto. Traduz o pensamento da maioria esmagadora dos verdadeiros torcedores Rubro- Verdes.

  3. Carlos Nascimento disse:

    Perfeito !
    Parabéns !

    Heróis do mar
    Nobre povo
    Nação valente e imortal

  4. Fredo disse:

    Parabéns pelo texto!
    Nos resta fazer nossa parte e nos reunir em locais onde compareçam os figurões que articularam a nossa queda para protestar. Ocupar, como fizemos na Paulista, eventos da CBF.
    Comparecer fardados aos jogos da Série A, ainda que não participemos, para demonstrar que não esquecemos.

  5. Adelindo de Aguiar Raposo disse:

    Rico texto. Parabéns.
    Precisamos nos unir e mostrar nossa grandeza.
    Os pseudo senhores do futebol teem que ter conhecimento da nossa força e poder de aglutinar em torno do justo e do legal.
    “… seja o eco de uma afronta, o sinal de ressurgir”
    Pela Lusa, sempre.

  6. Perfeito, xará. A luta é pela sobrevivência. Tem sido assim nos últimos anos e agora chegamos à situação-limite. Melhor morrer em pé do que viver de joelhos. Honra ou humilhação, esta foi a escolha que se colocou. Estou muito orgulhoso da resposta que o nosso povo deu.

  7. RICARDO TORRES disse:

    Nada mais do que E-S-P-E-T-A-C-U-L-A-R este texto. Traduz, sem sombra de dúvidas, o que vem da alma, na alma Lusitana, um Povo Guerreiro, acostumado à grandes guerras e aventuras, aventuras essas, que não de um desorientado, mas sim, de um Guerreiro com objetivos, seja contra quem for, mesmo um Golias. Um represetante do GAMA, de Brasília esteve presente na reunião do C.D. da Portuguesa de ontem, 18/2/2014, e, foi mais um incentivo para a nossa PORTUGUESA não temer os ORDINÁRIOS e MAFIOSOS do Futebol deste País. Chega de Fabricar resultados e campeões, o País e o Povo Brasileiro merece um País dirigido por gente mais séria, honesta e decente.
    Um abraço e PARABÉNS.
    Ricardo Torres.

  8. Wagnão Anunciato disse:

    belo texto Luis… como sempre extraordinário !!!! vamos a luta, oh campeões

  9. José Santos disse:

    Muitos Parabéns pelo Texto primo. Muito bom mesmo. Fico torcendo de longe pelo sucesso da Lusa. Tive o prazer de visitar algumas vezes o Canindé e até assistir um jogo entre a Portuguesa e o São Paulo e senti o que era ser torcedor da Lusa e assim me tornei mais um. Espero que a Justiça seja feita e a verdade desportiva prevaleça. Força Campeões

  10. será Ilídio Lico o nosso Nuno ???? torço para que sim

  11. lemona disse:

    Bonsoir Sra. e Sr.

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